Plantas e jardins são presentes para a alma, quem vai discordar disso? E quando o paisagismo é feito com espécies brasileiras, traz uma nota especial. As plantas não exibem apenas sua beleza. Elas se comunicam com a gente. Olá conterrâneos! Um horto florestal pouco conhecido de São Paulo, o Horto Oswaldo Cruz, instalado dentro do Instituto Butantan, está comemorando 100 anos. A exposição Raízes do Paisagismo de São Paulo no Instituto Butantan, com fotos e imagens do começo da história desse horto, foi aberta para o público nas dependências do instituto. A mostra indica a importância da criação daquele grande espaço verde em uma época em que as plantas brasileiras não passavam de mato.
O horto surgiu da iniciativa de um botânico pioneiro, Frederico Carlos Hoehne, que recomendava plantar espécies brasileiras aos dirigentes e colegas do então Serviço Sanitário do Estado de São Paulo. Era um tempo de levantamento de recursos contra malária, ancilostomose, sífilis. Era o enfrentamento da terrível febre espanhola, que pegou a população mundial desprotegida. Era o início da fabricação de vacinas, que fez aquela área distante da cidade, do lado de lá do rio, se tornar o Instituto Butantan. Era necessário saber mais sobre todas aquelas ervas de uso caseiro usadas contra os males. Frederico Carlos Hoehne foi convidado a povoar de vegetais uma extensa área ao lado da várzea do rio. Ele fez isso com espírito científico e estética paisagista - foi um precursor de Burle Marx, que viria décadas mais tarde.
O Horto Oswaldo Cruz se desviou da tendência dos jardins com espécies estrangeiras. A referência para parques, na época, era a do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, criado um século antes. Aquele seguiu o modelo de aclimatação de plantas de fora do Brasil - do Oriente, da Europa e de outras colônias portuguesas. Lá houve, por exemplo, um especial incentivo à plantação da Camellia sinensis, o chá preto.
No Butantan, Hoehne queria dar espaço, ou dar jardim, para plantas medicinais desconhecidas. Mas as ornamentais foram também abrigadas. E quem disse que erva-de-santa-maria não é bonita? “Ninguém pode defender aquilo que não conhece. Empreguem todas as forças e artigos de leis a fim de conseguir estabelecer reservas florestas e estações biológicas” exortava. Uma figueira-branca da mata nativa local foi preservada. Hoehne dizia que só aquela árvore valia por um jardim inteiro, tamanha a quantidade de orquídeas e bromélias abrigadas em seus troncos.
Hoehne pesquisava as bancas de ervas do Mercado Municipal. Só a catalogação dos anti-vermífugos usados na época na medicina popular rendeu um livro do cientista, que fez diversas publicações, inclusive livros infantis. O cientista também criou o orquidário do Jardim Botânico de São Paulo. A exposição do Instituto Butantan foi montada pelas pesquisadoras Luiza Teixeira Costa e Erika Hingst-Zaher.
Concordo integralmente com você, doutor Frederico. Nosso corpo e nossa alma precisam de jardins.
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Frederico Carlos Hoehne |
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Hoehne e equipe há 100 anos |
A exposição irá até o dia 25 de março. Venha conferir!
Por: Eliana Haberli, participante do grupo
PARABÉNS Eliane pelo artigo, lindo
ResponderExcluirObrigada colega!
ExcluirEliane acompanho suas crônicas num outro blog que você faz parte. Ver sua postagem aqui muito me sensibiliza e satisfaz. Sou sua fã. Parabéns!
ResponderExcluirIronilda Sores.
Obrigada colega!
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